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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"Eu te concedo o dom da falsidade."


"Era uma vez, num reino distante...
- A pequena princesa enfim nasceu - anunciavam os súditos - vida longa à primogênita do rei!
E uma festa foi dada para comemorar o nascimento da tão esperada filha do rei, e todo o reino foi convidado.
- Eu te concedo o dom da hipocrisia - disse a primeira das três fadas convidadas.
- Eu te concedo o dom da falsidade - disse a segunda fada.
O palácio, aliás, estava enfeitado, brilhante e tão cheio como nunca havia visto antes; tudo graças ao nascimento da princesinha. Todos os cidadãos estavam presentes, vendo a pequena princesa de longe, em seu berço de ouro; guardas cercavam o perímetro para que ninguém não autorizado chegasse perto da menina. 
- Eu te... - a terceira fada, antes que pudesse dar seu dom para a menina que mal se mexia no berço, com os olhos totalmente abertos, olhando para a mulher - a fada - que se contorcia para olhá-la de perto, foi interrompida por um estrondo na porta principal que fez com que todos se virassem para olhar. 
- Esqueceram de mim? - disse a mulher que andava abrindo espaço pela multidão, e que não precisou de muito esforço para passar pelos guardas e chegar até o lado direito da fada, que agora a olhava com terror no olhar, e colocava-se na frente do berço, como se para proteger a princesa. 
- Também tenho um presente para a primogênita do rei - disse, empurrando a fada que, por pouco, não caiu no chão, sendo segurada pelas outras duas fadas que também estavam espantadas.
- Aos dezesseis anos, a pequena passará por uma provação que mudará sua vida; ela se tornará uma garota bondosa e amável, e esses seus presentes não valerão mais nada. - E desapareceu, deixando apenas um rastro de que estivera lá, o som de sua risada ecoando na mente de cada um que presenciara aquela cena.
A rainha estava aos prantos, segurando as grades do berço de ouro e olhando para sua primogênita; o rei esbravejava ordens para que achassem a mulher que havia feito aquilo com sua filha amada. 
Então a terceira fada, limpando a garganta em um ruído baixo e irritante, porém audível o suficiente para que todos parassem o que estavam fazendo e prestassem atenção nela, disse:

- Eu não posso reverter tudo isso, mas posso fazer com que meu presente a ajude. - ela suspirou e passou seu olhar, até então na multidão, para a pequena princesa, acariciando a face da mesma. - Essa provação que ela vai sofrer vai fazê-la se tornar uma boa garota... - o reino soltou em coro um oh de susto e pavor - porém, não vai durar muito tempo. Um príncipe chegará no reino, e mostrará para ela que o mundo não é tão bom quanto ela pensa, vai mostrar as tragédias, e a falsidade, e vai convencê-la a voltar a ser má. - Todo o reino aplaudiu, gritou, pulou. - E esse é meu dom pra você, princesa."

Imaginem se fosse mesmo assim? Pois eu usei minha imaginação para contar, em forma de conto de fadas, uma história real, que podemos ver todos os dias, de pessoas hipócritas, falsas - e porque não dizer sem caráter? - que nasceram assim, ou receberam esses "dons" de berço, como foi o caso da princesa.
E eu não me conformo com hipocrisia; quero dizer, por que a pessoa diz uma coisa e faz outra, ou pior, fala mal de alguém pelas costas e pela frente mostra-se o melhor amigo da outra (isso só é uma indireta se a carapuça servir - então, se serviu, você está ruim, em colega)? 
Por que não dizer na cara? Dizer pelas costas, além de não ajudar em nada a pessoa - que não ouve as críticas para analisar e, talvez, mudar -, faz com que você seja mal visto, seja conhecido como fofoqueiro, falso, etc, e isso afasta as pessoas, porque, afinal, quem quer ser amigo de gente falsa? Acho que ninguém.
Claro que, as vezes, a gente acaba falando das pessoas sem que elas estejam presentes para se defender, mas isso é normal dos seres humanos - eu continuo achando errado -, e como diria minha mãe, faz parte  do nosso aprendizado, da formação do nosso caráter, da nossa personalidade, pois aí percebemos os erros das pessoas para não cometê-los, ou consertá-los em nós mesmos.
Mas lembrando que tem uma certa diferença de falar de um erro de uma pessoa e rir dela por esse erro, ou pelo que for, ou até inventar coisas dela para que os outros mudem a opinião sobre ela, afinal, temos que ser honestos e aceitar as diferenças, porque, felizmente, ninguém é igual a ninguém - e é isso que faz o mundo tão bom. 

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